quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A GUERRA DO KAISER

A Primeira Guerra Mundial era chamada por minha avó Maria, que viveu esse período, de “Guerra do Kaiser”. Só isto já mostra o que os brasileiros, pelo menos, pensavam acerca de quem era a principal figura na guerra. No entanto, ela começou com uma declaração de guerra e imediato (no mesmo dia) bombardeio das tropas austro-húngaras a Belgrado, capital da Sérvia em 28 de julho de 1914.

Não vamos julgar aqui os motivos que levaram à guerra. Os impérios Centrais, ou seja, a Alemanha, a Áustria-Hungria, a Bulgária e o Império Otomano (Turquia), cada um com um Imperador (Kaiser, em alemão), uniram-se para combater os Aliados: Grã-Bretanha, França, Rússia czarista e outros menores. Ficando no meio dos Aliados, a Alemanha tinha de lutar em duas frentes: a francesa a oeste e a russa a leste.

A Guerra prosseguiu pelos quatro anos seguintes, para terminar abruptamente em 11 de novembro de 1918, com a derrota dos Impérios Centrais. A Alemanha, que ainda tinha forças, já havia derrotado a Rússia havia quase um ano e feito com ela um tratado que deu à primeira uma vasta área desde o mar Báltico até o mar Negro. Lutando em somente uma frente, preocupava-se em ganhar a Guerra contra seus cansados adversários a oeste.

O problema alemão foi que o Marechal Ludendorf apavorou-se quando no final de outubro seus cansados aliados se renderam e ofereceram aos Aliados, que já contavam com forças americanas, sua infraestrutura de transportes. Sem forças para combater uma eventual ataque por uma frente que não existia antes – a Sul – Ludendorf pediu um armistício, que os Aliados somente aceitaram quando o Kaiser renunciou, “na marra”, em 9 de novembro.

O que me levou a escrever este artigo foi o fato de que alguns dias atrás achei por acaso na Internet um trabalho em inglês muito interessante que analisava o possível cenário europeu caso a Alemanha houvesse ganhado a Guerra – o que ela esteve muito próxima de fazer. Curiosamente, ele chegou à conclusão de que pouca coisa mudaria, por vários motivos que ele analisava um a um. Por exemplo, a Áustria-Hungria e o Império Otomano desmembrar-se-iam da mesma forma em diversos países, pois já estavam em processo de separações internas desde praticamente o começo da Guerra. A Alemanha provavelmente manteria seu território anterior à Guerra, mas teria dificuldade em manter seus territórios conseguidos da Rússia, vasto demais e com povos separatistas internamente.

A França e a Inglaterra poderiam manter seus governos da forma em que eram, mas sofreriam maior pressão por causa do marxismo emergente na Europa nessa época. A Rússia, no final da Guerra, já era a União Soviética, o Czar e sua família já haviam sido assinados, portanto, não deveria haver grandes mudanças...

Enfim, hipóteses que jamais poderão ser provadas.

3 comentários:

  1. Olá Sr. Ralph, boa noite.
    Se a Alemanha fosse a vitoriosa na I Guerra, os alemães não teriam dado tanta importância a um doido como Hitler. Doidos aparecem sempre como oportunistas, com a conversa de "resgatar" um orgulho perdido. Gente com orgulho ferido se entrega a qualquer doido que se diz redentor. Assim, uma Alemanha vitoriosa não seria condição para uma segunda guerra.
    Abçs.

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  2. Na verdade, o estudo afirma que nesse sentido também não mudaria a situação: poderia aparecer, sim, um governo ditatorial (não necessariamente com Hitler), pois mesmo Hitler estava ligado - e muito - à hierarquia militar e amigos do Kaiser como na 1a guerra. A ditadura poderia aparecer com o Kaiser ou sem ele, mas tinha grande chance. Enfim, há que se ler o artigo, muito interessante e bem feito, mas, na verdade, tudo não passa de hipotese, como qualquer outro estudo neste sentido.

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  3. Caro amigo, onde posso obter o artigo original?

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