quarta-feira, 7 de abril de 2010

TEMPOS PASSADOS


Bernardino de Campos, ex-Presidente da Província de São Paulo, morreu no início do ano de 1915. Naquela época, em que determinadas famílias quatrocentonas mandavam na política paulista e os imigrantes, a não ser que fossem muito ricos, eram desprezados e chamados de "italianinhos" (claro, se fossem italianos, que eram a maioria), a morte de um dos caciques era sempre notícia de revistas e jornais. As fotografias, que não eram muitas na época, eram publicadas às pencas na imprensa de então, retratando o enterro, a missa, o cortejo fúnebre etc.

As flores, o anjo de mármore, a cruz, as bandeiras com o "saudade", tudo era motivo para uma fotografia (republicada acima e relativa a Bernardino de Campos) que nos dias seguintes sairia na imprensa escrita (a única de então) e seria comparada com as revistas e jornais concorrentes.

Bernardino teve dois filhos famosos: Carlos de Campos, que foi Presidente da Província durante a revolução de 1924 e morreu três anos depois em pleno mandato, e Silvio de Campos, industrial que, entre várias outras coisas, foi um dos fundadores e acionista da E. F. Perus-Pirapora. A primeira locomotiva da ferrovia levava seu nome (e ainda existe, aguardando recuperação, depois de ser ninho de abelhas na pedreira de Cajamar).

Já Carlos de Campos virou nome de uma das estações da Central do Brasil e depois da CPTM, mas que foi fechada em 2000, quando se instalou o trem Expresso Leste que não parava mais ali. Ele também nomeou avenida Paulista entre os anos de 1927 e de 1930 - graças a Deus, reverteram para o velho nome.

A maioria desses paulistas quatrocentões, de uma linhagem que acabou sendo praticamente escorraçada do poder pelas Revoluções de 1930 e de 1932, têm seus nomes imortalizados nas ruas da Capital e do Interior do Estado.

Os interventores de Vargas e os governadores paulistas que vieram depois deste período já pertenciam a famílias bem diferentes que, na época da Velha República, não tinham expressão alguma.

A grande diferença entre os governantes paulistas de antes de 1930 e de depois era a cultura dos primeiros. Eles ligavam para a cultura. Ligavam para a educação. Embora não houvesse escola para todos - os menos favorecidos ficavam sem lugar nas escolas públicas - quem as frequentava tinha um bom ensino. Depois de Vargas, as escolas passaram a ter vagas para praticamente todas as crianças. Só que o nível do ensino decaiu assustadoramente. Hoje em dia quem quer uma boa qualidade de ensino estuda em escolas particulares. Uma pena que somente estas possam proporcionar isto.

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