segunda-feira, 5 de abril de 2010

UM POUCO DE FUTEBOL


Bem, falar de futebol em blog é fácil, pois todo mundo que escreve acha que entende muito do assunto. Por isso, jamais escrevo sobre o "esporte bretão". Porém, neste caso, resolvi traçar algumas palavras sobre o assunto. Na verdade, mais sobre a sua estrutura aqui em São Paulo do que sobre futebol em si.

Realmente, futebol no Brasil somente sobrevive porque o surgimento de jogadores é praticamente diário. Numa população de maioria pobre e sem muitas opções para sustentar-se, o futebol é uma das ilusões mais fáceis de se perseguir. A quantidade de jogadores que realmente ganha um salário decente é pequena - a maioria ganha muito pouco. Para um país como o nosso, no entanto, é um trabalho do qual se pode sustentar mesmo com um salário ridículo.

A imprensa puxa o saco de determinados jogadores - basta ver uma das manchetes de hoje sobre a rodada de ontem: "Ronaldo foi determinante no jogo do Corinthians contra o Ituano - deu o passe para o primeiro gol (a abola ainda passou por três jogadores antes de entrar) e fez o segundo (apenas empurrou a bola para o gol, quando todo o esforço foi de outro jogador)". Pode isso? Não é forçar a barra? Afinal, não é preciso entender de futebol para ver que Ronaldo está gordo como uma pipa e não aguenta correr.

Os times do interior, com orçamanto baixo, não jogam em estádios em suas próprias cidades. Ontem, o Ituano "mandou" seu jogo em São José do Rio Preto; o Monte Azul "manda" seus jogos em Ribeirão Preto; o Rio Branco de Americana, em Araraquara; e por aí vai. Como querem conseguir um mínimo de torcida própria desse jeito? Ah, foi a Justiça que impediu que eles joguem em suas cidades pois os estádios não têm condição para isso? Então, não podem estar na Primeira Divisão, "carinhosamente" chamada de Série A-1.

O São Paulo tem o melhor estádio da cidade e não consegue que a FIFA o aprove, com todas as mudanças já decididas, para ser o estádio da abertura da Copa de 2014. O presidente, que briga com todo mundo, diz que "há um complô para a construção de uma nova arena (hoje em dia não é mais estádio, é arena) e beneficiar construtoras". Aí, ele talvez tenha razão. Fica a pergunta: numa cidade em que pouca gente vai aos jogos de futebol, precisamos de mais um estádio? Só se demolirmos antes os já existentes.

O Campeonato Paulista não é nem sombra do que já foi até os anos 1980 — e se formos mais exigentes, como foi até o ano de 1975, marco final dos campeonatos interessantes. A partir daí, o Campeonato Brasileiro começou a se impor sobre os campeonatos regionais, que, aos poucos, foram perdendo a atenção dos torcedores.

Enquanto isso, a Jovem Pan trava uma guerra particular com a Rede Globo, querendo impedir que esta transmita os jogos se eles começarem depois das 9 e meia. A Jovem Pan alega que os torcedores sofrem muito com jogos que teminam por volta das 11 e meia, quinze para a meia-noite, pois é muito tarde e a oferta de ônibus é menor. Isso afasta os torcedores do estádio etc. etc. etc. Pode ser. Mas não é somente isso que ocorre.

Afinal, os times grandes também resolveram mandar seus jogos em cidades distantes, como Presidente Prudente, Ribeirão Preto etc., desrespeitando seus fiéis torcedores em troca de (supostamente) mais dinheiro. A segurança dentro e fora dos estádios é um grande problema. As torcidas organizadas são compostas por muita gente que não tem um mínimo de educação. O preço dos ingressos é alto demais para boa parte da população. As instalações dos estádios são sofríveis. Estacionamento, nem pensar. Cambistas são favorecidos pelos vendedores de ingressos nas bilheterias, revendendo-os a preços exorbitantes. Finalmente, o transporte: nenhum estádio fica perto, realmente, das estações (talvez o Pacaembu seja o menos ruim nesse aspecto) e, se os ônibus vão para as garagens antes do final do jogo, que tal fazer algo para que isso deixe de acontecer nos dias de jogos em vez de tentar votar uma lei idiota? Afinal, o povo não está nem aí para o fato de os jogos serem tarde.

Para escrever mais, só mesmo discutindo sobre futebol propriamente dito.

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