domingo, 23 de maio de 2010

MUSEU VIVO

Mapa do Gato Preto à esquerda da Via Anhanguera (clique para ampliar) (Google Maps, modificado por este autor em 23/5/2010)

Ontem falei sobre o bairro do Gato Preto. Hoje continuo, pois acabei não concluindo meu raciocínio. O fato é a parte baixa do Gato Preto é um museu vivo, e estou aqui incluindo a parte que fica do outro lado da via Anhanguera em relação ao forno de cal e às antigas oficinas da Perus-Pirapora.

Num município feio e sem atrativo algum, a manutenção dessa área depois de um restauro nos prédios e nas locomotivas e vagões, mesmo se fossem somente os que ainda restam por lá, seria uma benção. Não faltaria público. Afinal, a Grande São Paulo da qual Cajamar faz parte, tem 20 milhões de pessoas ávidas por algum divertimento. E bem pouca gente sabe que o Gato Preto existe e o que há nele.

O problema é que praticamente a área toda, especialmente a que está no lado das oficinas, é particular e seu dono pouco se importa com ela nem com o que ela contém. E ele tem esse direito, pois é o dono. Faz com ela o que quiser. As únicas coisas que não pode destruir são as máquinas e os vagões. O resto não está tombado, como os primeiros estão. É uma questão de tempo, apenas. A prefeitura também não mostra a menor intenção de tombar nada, pois provavelmente não quer criar caso com uma pessoa que, dizem, é dona de metade da área do município inteiro. Não sei se chega a tanto, mas as terras em sua posse são muitas.

Vamos, no entanto, ficar no imaginário. Restaurem-se as locomotivas e carros, mesmo que seja "cosmético", ou seja, deixá-las autênticas na aparência mas sem funcionar. Restaurem-se os prédios da oficina, a estação, chaminé e o forno de cal; mantenha-se as pessoas que hoje vivem nas casas habitáveis: tirá-las para que? Afinal, elas fazem parte do museu. Capine-se o matagal e principalmente, limpe-se a enorme sujeira que impera por ali. Mantenha as ruas de terra como são; limpe-se o rio Juqueri-Mirim, que corta o Gato Preto e segue acompanhando o antigo leito que ligava as oficinas à linha principal da E. F. Perus-Pirapora. A única coisa que estraga é a via Anhanguera, que em 1943 cortou o bairro em dois. Mas daria para se viver com ela.

Pronto: estaria pronto o museu vivo. A história do bairro seria contada por gente que a conhece, mostrando como um lugar onde não existia nada recebeu há cem anos atrás uma oficina de locomotivas e um forno de cal e progrediu. Chegou a ter dois clubes para recreação. Nos anos 1960, a polícia tinha de ser chamada para proteger os carros-pagadores em dia de pagamento de funcionários.

Se possível, ponha-se uma das locomotivas para funcionar no fim de semana para que os interessados vejam como eram os famosos "bons tempos". Pronto: o museu vivo está montado. Pena: nada disso acontecerá.

3 comentários:

  1. Olá Sr. Ralph, boa noite.
    Museu é cultura. Museu vivo, cultura viva. Mas...
    Nosso país não é a Suécia.
    Abçs.

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  2. Infelizmente vi no dia de ontem, fotos tiradas pelo colega, Hérico Rechi que mostrava todo esse "patrimônio" que era tombado pelo CONDEPHAT, no chão...foi-se mais um pedaço da memória ferroviária.

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