segunda-feira, 24 de maio de 2010

O ESTADO DE SÃO PAULO EM 1600

Nas minhas limitadíssimas capacidades com o programa de desenhos, tento comparar os limites do atual Estado de São Paulo (contorno em preto) com o que seriam os territórios das capitanias de São Vicente (esta dividida em duas porções) e a de Santo Amaro (no meio das duas porções da outra). Em vermelho, o que resultou disto, considerando-se a linha aproximada de Tordesilhas. Desconsiderei os territórios das capitanias em Estados como o Paraná, Minas e Rio. Estão localizadas os cinco municípios da época.

Como seria o Estado de São Paulo em 1600?

Em primeiro lugar, há que se definir o que chamaríamos de "estado de São Paulo" naquela época: havia a capitania de São Vicente, com delimitações em linha reta a partir mais ou menos da cidade de Macaé, hoje Estado do Rio de Janeiro até Caraguatatuba. Daí para o sul, a Capitania de Santo Amaro, até a ilha de Santo Amaro (Guarujá). E mais ao sul, da ilha citada até Cananéia, a segunda secção da Capitania de São Vicente - que abrigava o primeiro município constituído no Brasil, a atual cidade de São Vicente.

Se juntássemos os três, elas englobariam terras de cinco Estados hoje: São Paulo (menos o extremo norte), Minas Gerais (pequeníssima parte do sul), Rio de Janeiro (3/4 do atual), Mato Grosso do Sul (a metade sul) e Paraná (a metade norte). Porém, as capitanias chegavam em domínio apenas até parte do atual território desses Estados interior adentro: elas paravam no meridiano de Tordesilhas.

Tordesilhas passava, com extrema aproximação, onde hoje estão cidades como Olímpia, Catanduva, Bauru, Cerqueira César e Itararé. Portanto, o Mato Grosso do Sul de hoje estaria fora, assim como quase todo o Paraná (o meridiano passava próximo à atual Curitiba). Imagine então, isso seria o Estado naquela época, "dividido" em duas capitanias, sendo que uma delas tinha duas porções. No início do século XVII, elas se juntaram, absorvidas por São Vicente, mas, em 1600, não eram um bloco conjunto.

Nesse bloco dividido havia cinco vilas (os municípios de hoje): São Vicente, Santos, Itanhaém, Cananéia (criada em 1600) e São Paulo. Este último era o único município no planalto. A cidade era, então, "boca-de-sertão": além dela, para oeste e norte, nada existia, a não ser três pequenos povoados a cerca de 30-40 km da futura capital: Aldeia de Carapicuíba, Aldeia de Barueri (não nos locais onde hoje está a sede dos dois municípios) e Parnaíba, além de povoados que hoje são bairros da Capital: Pinheiros, Penha, Freguesia do Ó. Os dois últimos às margens do Tietê. Talvez alguma outra coisa, extinta hoje ou não.

Enfim: se considerássemos São Paulo de 1600 como tendo os limites que tem hoje, a civilização não passaria de 40 km a oeste da sua atual capital. Dali para a frente, o "sertão desconhecido povoado por índios". Curioso que esta expressão se manteve até próximo de 1920, portanto 320 anos mais tarde: até o ano de 1900, essa expressão começava, coincidentemente ou não, no já de há muito então extinto meridiano de Tordesilhas.

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