quarta-feira, 26 de maio de 2010

TAV, METRÔ E NORTE-SUL

Foto de TAV extraída do blog de Caio Camargo sobre o TAV em 25/5/2010

Enquanto aqui em Sampa a linha 4 - amarela - do metrô foi inaugurada (mesmo tendo-o sido apenas com um trecho que não liga nada a nada, entre apenas duas estações), em Brasília continua-se discutindo o trajeto da Norte-Sul com gente demais dando palpite e também o TAV Campinas-São Paulo-Rio - que alguns querem transformar no Uberlândia-Campinas-São Paulo-Rio com ramais Campinas-Belo Horizonte e São Paulo-Curitiba - este com mais gente ainda dando palpite.

No caso do TAV fala-se em transporte de pessoas: as linhas comentadas acima realmente passam por regiões de alta densidade populacional, principalmente nos extremos de cada uma. Não há o que se discutir. Já no caso da Norte-Sul a situação é mais complexa, porque os interessados podem montar a rota que quiser e o governo aceitar tudo - só que eles terão de, antes, avisar as empresas que ganharão a concessão para operar a linha.

Afinal, as concessionárias que operam as linhas ferroviárias brasileiras não estão muito interessadas em fazer o que os outros querem, mas sim o que elas querem. Hoje em dia, quase 90% do volume de cargas transportados por elas no Brasil é minério (principalmente de ferro) e grãos (estes, nem 10% dentro dos quase 90%). Portanto, se algum prefeito, governador ou deputado quer que ela passe por "sua" cidade por que acha que ali tem algo que se deve carregar ou descarregar, vai ter de convencer a futura concessionária disto. E não será fácil.

A ALL, por exemplo, que é a mais massacrada pela imprensa nos últimos meses, devido ao grande número de acidentes, sucateamento (supostamente) irregular de material rodante e falta de tráfego em linhas que estão sob sua responsabilidade, está se recusando a embarcar cargas em Campo Grande, MS, exigindo que os interessados a levem, pelo transporte que lhes aprouver, ou para o terminal de Alto Taquari, no Mato Grosso, ou para Maringá, no Paraná, por rodovias em estado próximo ao intransitável.

Curioso: Campo Grande tem ferrovia - a finada Noroeste do Brasil. Por que a ALL se recusa? Ela tem esse direito? Talvez até tenha, se o contrato realmente for mal feito - mas concessão de ferrovias, onde se joga os transportes do país na balança, ou, num universo maior, sua infraestrutura, não pode ser tratado apenas como algo que dê o máximo de lucro possível. Precisa, também, ter responsabilidade de resolver um problema do país. E isso a ALL não vê e nem o governo tem um mínimo de controle.

É sinal de que o governo não tem política alguma de transporte nem de infraestrutura. Trata o problema, quando trata, apenas após uma grande desgraças ou pressões grandes. E trata mal. Lembram-se do caso dos aeroportos há 2-3 anos atrás? Pois é. Ali ele teve de agir. E agiu mal. Agora, com as ferrovias, ele ainda não acordou. Se elas pararem de repente, vai ser o caos. Não se espera que isto aconteça, mas sim que haja pelo menos o estabelecimento de uma política séria e de controle sobre as concessionárias.

6 comentários:

  1. É o que acontece aqui na Alta Paulista. Aqui em Tupã a safra de açúcar que deverá aportar nos silos da Ceagesp deve ser de cerca de 200 mil toneladas. Em Osvaldo Cruz, uma indústria de óleo tem uma estimativa de carga de 350 mil toneladas para transporte, e nas diversas usinas de álcool da região, estima-se pelo menos mais de um milhão de toneladas de combustíveis, e mesmo assim, a ALL não garante que vá colocar o trem à disposição para transportar tudo isso, obrigando o pessoal a ter de fazer uso do transporte rodoviário, e enquanto isso, a linha de trem vai sendo tomada pelo mato, uma vez que nem limpeza a concessionária vem fazendo, e esta ainda diz, na maior cara de pau, que toma as devidas providências para manter a linha em boas condições...

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  2. Falta de controle. Esse é o problema certo que vc citou, Ralph. Os contratos foram mal feitos sim ( discutimos isso aqui na seu post "O ultimo fim do Barrinha" )e agora que a m... ( me desculpa o termo, mas é o que melhor se encaixa ) tá feita, não se controla, não se fiscaliza. Exemplo disso vou citar de novo: A FCA abandonou as linhas aqui no RJ. Cadê a ação do Governo? Ninguém sabe, ninguém viu. Entramos aí no seu post de outro dia, "Exculhambação". Vão agir ( se agirem, FCA ou Governo ) quando a malha for invadida, depenada e saqueada. "Esperam a porteira abrir para irem atrás de seus bois." dizia minha bisavó. Sobre o TAV Ralph, já nem falo mais nada. Não acredito mais nisso. Acredito sim que poderíamos ter um trem rápido ligando todas essas cidades citadas e mais outras tantas por um preço bem mais acessível. Mas como tem muita teta pra mamar... TAV pra mim é conto do vigário. Controle sobre as concessões então...

    Abraços

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  3. Estive na audiência pública do TAV em Janeiro, na Bovespa. Em alto e bom som, como um mantra, disse: "São Paulo não precisa de TAV. São Paulo precisa urgentemente de mais 200 km de linhas de metrô, para curar o maior problema de saúde pública do Brasil, que é a falta de mobilidade e suas consequências." Bem, o Metrô e os governos andam se mexendo, pelo menos nas promessas. Até 2014, disse o secretário Portella em reunião na Rosas de Ouro dia 24/05, teremos: linha 4 acabada, linha 5 acabada, linha 6 acabada (essa é pra ZN - São Joaquim - Brasilândia), linha 16 acabada (outra pra ZN, Lapa - Cachoerinha), e linhas xx e yy, que ligarão V. Prudente a Cidade Tiradentes e São Judas ao Morumbi, via Congonhas. As três últimas em monotrilho. A promessa é tudo isso em QUATRO ANOS! Será? Sem contar a transformação de mais de 160 km de CPTM em qualidade de metrô. SERÁ?? Se rolar, depois disso... que venha o TAV, São Paulo estará muito melhor... Abraços.

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  4. Eu, particularmente, ainda acredito (e quero) o TAV. Mas vai demorar mais que a Ferrovia do Aço e a Norte-Sul, pelo visto... Já os investimentos em SP estão saindo mesmo, mas como sempre mais lentos do que se divulga. Também, o cara divulga numa escola de samba, dá para acreditar?

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  5. Enquanto isso todo mundo só sabe falar de Copa do Mundo.

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  6. Ralph: o lance da escola de samba é o seguinte: tá uma certa disputa política para ver quem é o "pai da criança" (eternamente isso, né?). O vereador Natalini fez um evento na UNIP Marquês há 15 dias, quando o assessor do Metrô Epaminondas apresentou detalhes das linhas 6 e 16. Aí, 15 dias depois, os políticos Claudinho e Celino fizeram outra, levaram 700 pessoas na Rosas, e inclusive o secretário e o Marcos Kassab, diretor do metrô e irmão do prefeito, pra falar a mesma coisa. (Tá tudo no portal www.znnalinha.com.br, distritos Freguesia e Cachoeirinha). A comunidade da região tem se mobilizado, tem uma frente pró-metrô. Daí, a ver essas duas linhas prontas em 4 anos... Abraço!

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