sábado, 25 de setembro de 2010

A DIFERENÇA DA EUROPA E DO BRASIL


Quem não se emocionou alguma vez pela realeza europeia? Aqueles reis e imperadores, sempre com um manto e uma coroa de joias na cabeça, sendo infinitamente bondosos com seus súditos. É verdade, alguns eram perversos, eram amigos de bruxas e dragões, então, tratavam mal seu povp até que um novo rei viesse a derrubá-lo do trono depois de um longo duelo de espadas para salvar seu reino.

Tudo mentira, mas que era bonito, era. Nós somente descobrimos que o estereótipo acima descrito é uma farsa muito tempo depois, mas, mesmo assim, quem adquiriu aquele encanto jamais vai se esquecer dele. Fica lembrando dos castelos sobre os morros, dos cisnes nos lagos, das lindas rainhas e princesas.

E um belo dia lemos livros como "Os Reis Malditos", que com uma belíssima história nos mostra que eram todos verdadeiros assassinos. São Luiz, ou Luiz IX de França, não era tão santo assim. Ricardo Coração de Leão não era tão mais bonzinho do que seu irmão João Sem-Terra. Eduardo II aumentou o poderio da Inglaterra medieval, mas à custa de mortes sem fim. Seu filho era homossexual e foi morto com uma espada em brasa enfiada em seu ânus.

Carlos, o Bom, ou Carlos V de França (não confundir com o Carlos V alemão), era tão mau quando seu primo Carlos, o Mau, rei de Navarra. Sissi, a Imperatriz, que se casou com Francisco José I da Áustria, tão romântica ao Imperador, pouco depois dele se separou e, depois de ver seu único filho suicidar-se em Mayerling, foi ela própria assassinada em Graz (ou Linz? Já li os dois casos).

O fato é que, ruins ou bons para suas famílias ou suas nações durante séculos, essa realeza europeia acabou por instalar em seus países tradições que persistem até hoje. Um conceito de nação muito diferente dos conceitos de nações como a nossa, que, fora da Europa e da Ásia, foi uma das poucas que teve também um Império por 67 anos. Os historiadores costumam afirmar que Pedro I e Pedro II foram responsáveis em grande parte pelo não esfacelamento do Brasil em diversos pequenos países.

Essas tradições tornaram os países europeus verdadeiros locais de nacionalistas que, apesar de tempos difíceis pelos quais todos passaram em diferentes épocas, passaram a preservar seus costumes e suas histórias. Destruíram muita coisa com as guerras e mesmo fora delas - mas muita coisa se preservou e hoje são admiradas por populações do mundo inteiro.

O Brasil não conseguiu muita coisa nesse sentido. Somente agora, a partir de 150 anos de sua independência e do início do Império, abriu os olhos para a preservação de seus tesouros, naturais ou construídos. Muita coisa se perdeu. Muita coisa foi destruída nos últimos sessenta anos, quando, depois do final da Segunda Guerra, o desenvolvimento industrial começou a chegar, seguido de um aumento acelerado da população todavia sem tradições a preservar.

É fácil perceber isso: ontem meu filho, que está de férias na Europa, passou pelos campos suíços e fotografou a paisagem. Enquanto não se nota nenhuma cidade, ou mesmo quando se as notam ao longe, os campos ali lembram os paulistas - ver foto acima, tirada por ele, ontem. Se ele me dissesse que as fotografias haviam sido tiradas no interior de São Paulo, eu acreditaria. Quando chega à cidadezinha, porém, a diferença é nítida: tudo bem cuidado, estilo típico. Aqui, todos sabem como é, com, claro, as de sempre honrosas exceções.

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