terça-feira, 16 de novembro de 2010

RUMO AO PIAUÍ, VIA PETROLINA

Estação de Acauã, PI

Hoje pela manhã recebi vários e-mails de Sydney Corrêa, do Nordeste. Não sei em que cidade exatamente ele mora, mas o fato é que ele percorreu nas últimas semanas uma distância bastante grande para fotografar estações ferroviárias em trechos do semi-árido nordestino, nas linhas baianas, do oeste de Pernambuco e do sul do Piauí.

Ele fez um trabalho do tipo que eu fiz por muitos anos e hoje, com as estações que não visitei estarem infelizmente muito longe da minha sede (Santana de Parnaíba, no Estado de São Paulo), parei de fazer, "excursionando" dessa forma somente em ocasiões muito específicas. Quem faz isso hoje é o Carlos Latuff, que mora no Rio de Janeiro mas que de vez em quando visita várias localidade no Brasil e me manda as fotografias.

Estação de Arizona, PE

Na verdade, é uma pena que eu não esteja visitando todos esses locais, mas haja tempo e dinheiro para tal. Sydney fotografou uma linha esquecidíssima por todos, a que ligava Petrolina, na margem pernambucana do São Francisco, a Paulistana, no sul do Piauí, ferrovia esta aberta nos anos 1920 e extinta em 1972 e que deveria ter chegado a Teresina. Ficou para as calendas essa última ligação, como diversos outros projetos de estradas de ferro no Brasil.

O que restou da estação de Pau-Ferro, PE

Essa linha, além da estação de Petrolina-nova, construída mas nunca utilizada como estação (mais dinheiro jogado fora), tinha oito estações, das quais apenas a de Mafrense, a terminal, de Paulistana e a de Afrânio não foram fotografadas nesta excursão. Aliás, das duas últimas, eu já tinha material. Já das outras cinco eu não tinha coisa alguma, com exceção de uma foto antiga da de Rajada, no meu site de estações ferroviárias.

O que recebi mostram estações em vilarejos e sedes de municípios muito pequenos, bem como uma delas no meio de coisa nenhuma e já demolida (Pau-Ferro).

Estação de Rajada, PE

As fotografias desta linha esquecida estão mostradas aqui nesta postagem. Todas de autoria de Sydney. Eu imagino o que deve ter representado para as populações dessa área a retirada do trem de passageiros em 1972, numa época em que certamente não havia ali nenhuma rodovia decente nem meio de transporte constante. Falta de visão do governo que, em vez de simplesmente fechar ferrovias deficitárias, não se preocupou em reformá-las e dar algo decente para uma população tão carente. Isso não ocorreu somente ali, infelizmente.

Antiga casa de turma junto à antiga estação de Icó, PE (não confundir com a estação do mesmo nome, no CE): a estação já foi demolida

E, se eu acreditar no que vi escrito em algum artigo há não muito tempo, a tarefa do Sydney não deve ter sido fácil: o relato dizia que a estrada que liga Petrolina à região do sul do Piauí é extremamente perigosa em termos de segurança, com uma frequência grande de assaltos. Será verdade?

Um comentário:

  1. Interessante, em 1970, ainda constava como projetos de ferrovias de integração nacional, em execução, a ligação Paulista(PE)-Teresina, e Pirapora(MG)-Brasília. Apenas dois anos depois a linha para Paulista foi abandonada e a de Pirapora, logo após transpor o rio com uma ponte nova, parou as obras e deixou cerca de 400km de infra estrutura pronta para receber trilhos. Hoje faz parte do projeto de expansão da FCA até Unaí(MG) para captação de soja, com cerca de 400km de extensão, duvido que seja coincidência.
    A do nordeste pode ser utilizada em parte pela nova transnordestina, que está executando hoje a ligação Salgueiro-Missão velha. Após a construção desse trecho há uma briga política entre seguir reto para o sul até Petrolina nova, ou para oeste até Eliseu Matrtins.
    A solução diplomática é seguir para oeste, o eixo da via vai cruzar com a antiga ligação Paulista-Petrolina e deste entroncamento até Petrolina a linha abandonada pode ser reaberta, inclusive por outro operador (leia-se Valec ou FCA).
    Se hoje a iniciativa privada tem interesse nessas ferrovias, por que o governo não as terminou na era estatal? Autosabotagem?

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