domingo, 2 de janeiro de 2011

DOIS CORGO ONTEM

A estação e o que sobra do incêndio de dez anos atrás. Reparar no relógio sobre a porta.
Cheguei do meu "tour" de carro pelas Altas Noroeste, Paulista e Sorocabana na quarta-feira e na quinta já estava dirigindo de volta para a fazenda de meus cunhados em Brotas. O sossego de lá é uma beleza, extremamente relaxante. Sem internet... sem preocupações. Hoje voltamos, eu e minha esposa, debaixo de muita chuva por grande parte do caminho. São 250 quilômetros.

O banco na praça, dons bons tempos dos ferroviários e dos telefones de dois algarismos
Saí da fazenda apenas duas vezes. Anteontem, fomos a downtown Brotas, visita rápida, e ontem eu e meu filho Alexandre fomos a Dois Córregos, que antigamente era Dous Corregos e hoje é, para muita gente, Dois Corgo. Muita gente que não conhece a cidade deve se lembrar do nome por causa daquele filme do final dos anos 1990 que levava o nome da cidade.

Uma das belas casas da cidade
O município é bastante antigo. É de 1874. Quando foi instalado, a Província tinha apenas 45 municípios. Como muitos outros de São Paulo, o progresso veio com o café.

Não sei o que era ou é este prédio, mas a figura de Ícaro é muito bonita
Apesar de ter recebido uma linha da Companhia Rioclarense em 1887 e, doze anos depois, uma bifurcação ali que seguia para Agudos, já aqui com a Companhia Paulista, que havia adquirido a Rioclarense em 1892, a cidade acabou estagnando. Talvez tenha sido "obscurecida" pelo grande crescimento de Jaú, ali perto, mas o fato é que a cidade parou rapidamente de crescer.

Esta casa aparentemente caiu e está sendo demolida. Pena.
Em 1966, perdeu a segunda linha que ia para Agudos e passou a ser somente estação de passagem. Com um prédio grande e muito bonito, provavelmente em grende parte por causa de ter de atender duas linhas, a estação construída em 1912 ganhou fama como sendo cópia da estação ferroviária de Marselha. Papo furado, mas a lenda urbana se perpetuou. No final do século 20, um filme de Carlos Reichembach levou o nome da cidade. Deram um "tapa" na estação, já bem mal cuidada pois os trens de passageiros da Fepasa que ainda passavam por ali já não garantiam coisa alguma e ela apareceu no filme como se fosse nova.

Outra bela casa da cidade
O fato é que infelizmente no ano 2000 ela pegou fogo, já abandonada. E nunca mais ninguém a restaurou. A estação e a vila ferroviária, inclusive a parte construída em 1940 quando da eletrificação da linha e da construção da subestação elétrica, foram totalmente abandonadas pelo Governo Federal (a Fepasa foi entregue à moribunda RFFSA em 1998) e, com um incêndio então, estão hoje jogadas às traças.

Um belo vitrô antigo mantido sobre a janela hoje de vidro temperado
O resto da pequena cidade, no entanto, situada entre os dois córregos que lhe deram origem, está muito bem cuidada. Limpa, com os diversos prédios antigos muito bem cuidados e uma praça central (o que antes se chamava de Jardim Público) em excelente estado de manutenção garantem uma vida tranquila e bem bonita para quem lá mora.

Uma casa infelizmente descaracterizada com a colocação de janelas de ferro em lugar das de madeira, mas ainda do tempo das varandas laterais. A construção pode ser do século XIX
É claro que, com a visita que fizemos na manhã de primeiro de janeiro, estava melhor ainda - ninguém praticamente nas ruas, somente uma sorveteria aberta e um bar de esquina com almoço. Longa vida para a simpática Dois Corgo. As fotografias são de Alexandre Giesbrecht.

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