terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O PASSADO GLORIOSO DE SÃO PAULO


Existem, é claro, diversas razões para a cidade de São Paulo, e por conseguinte o Estado, tenham uma importância muito grande na Federação brasileira. A principal delas é, claro, a coincidência de fatores. Mas, que fatores?

É certo que o Estado de São Paulo, anteriormente província e, mais antigamente, capitania sempre teve uma importância grande para o império português, mesmo na época em que era apenas um amontoado de cidades distantes, todas elas paupérrimas. Isto incluía a cidade de São Paulo. Originalmente, a capitania paulista se formou a partir da junção das capitanias de São Vicente e de Santo Amaro, além da de Santana. Em teoria, estas capitanias chegavam até a linha de Tordesilhas, que, em termos de hoje, passa mais ou menos pelas cidades de Olímpia, Catanduva, Bauru, Cerqueira César e Itararé.

A capital era São Vicente, promovida a município, o primeiro do Brasil, em 1532. A cidade de São Paulo tornou-se capital apenas a partir do final do século XVII. Nessa época, a capitania se estendia ao que hoje são os estados de São Paulo, Paraná, Samta Catarina, parte do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondonia e Goiás.

A descoberta da riqueza do ouro em Minas Gerais, também no fim do século XVII, acabou sendo péssimo para a capitania: o governo português, para facilitar o seu monopólio de compra desse ouro e evitar sua evasão, separou a capitania de Minas Gerais em 1720. Até 1748, São Paulo acabou por perder todas as outras, menos a do Paraná. No mesmo ano, Portugal decretou a extinção da capitania e incoporou-a à do Rio de Janeiro.

O erro foi desfeito em 1765. A capitania do Rio de Janeiro não tinha condições de controle sobre o território paulista e paranaense: ademais, o reino sempre dependeram da valentia e experiência com o conhecimento das terras desse território dos paulistas. Por que eles eram tão bons e fieis assim? Difícil dizer, mas eram; ao mesmo tempo, queriam também a retribuição. Retribuição não era, com certeza, uma perda de autonomia administrativa: junto com a restauração da capitania, Lisboa mandou para cá como Governador o Morgado de Mateus, experiente político com a função de povoar a pobre e inabitada província paulista.

A capital seria movida de São Paulo para Santos; porém, na última hora, isto não aconteceu e São Paulo reouve seu status de 1748. As providências tomadas pelo Morgado e seus sucessores, como o Lorena, foram facilitar a fundação de cidades no chamado oeste paulista: Campinas e Araraquara foram algumas delas. A construção de uma estrada melhor ligando a capital ao porto também foi uma delas: a calçada do Lorena, que segue aproximadamante o que veio a ser o Caminho do Mar mais tarde, equiparou-se às melhores estradas de rodagem européias da época. Isto facilitaria o transporte da região de Campinas e Araraquara aos portos para o seu transporte para Portugal. A partir de então, Santos, que era um dos portos do litoral paulista, passou a crescer mais em relação aos outros da costa. Com a chegada da estrada de ferro, em 1867, firmou-se como tal e os outros foram desaparecendo aos poucos.

A cidade de São Paulo, mesmo antes de tornar-se capital, tinha uma importância muito grande como boca de sertão: mesmo as cidades que foram surgindo depois da fundação de São Paulo, como Santana de Parnaíba e Mogi das Cruzes, também bocas-de-sertão, ainda dependiam do posto avançado que era São Paulo em relação ao litoral.

Quais foram os fatores que levaram a cidade de São Paulo ao seu crescimento econômico? Primeiro, o fato de ser a principal ligação com os portos do litoral. Também o fato de estar no início do rio Tietê, a verdadeira porta para o oeste. Graças à navegação por este rio, a capitania ganhou todos aqueles imensos territórios a oeste e ao norte - embora a colonização ao longo deste rio praticamente não tenha existido até o século XX.

Depois, o estabelecimento do governo da capitania na cidade; com a proclamação da independência (aliás, em terras paulistanas e não na corte, que era o Rio de Janeiro), teve a implantação dos cursos jurídicos no largo de São Francisco pelo governo imperial; finalmente, como centro nevrálgico da São Paulo Railway, teve a gradativa mudança dos ricos fazendeiros do interior paulista para a cidade, pois, com o transporte por trem, o seu deslocamento para as fazendas tornava-se fácil, ao mesmo tempo em que, passando mais tempo no Capital, podiam influenciar o governo provincial com mais facilidade para atender seus interesses.

Como a população era muito baixa na Província, podia-se dizer que seus interesses eram basicamente os da província. Metade do território, a metade oeste, no entanto, cvontinuava praticamente inexplorada. Mas o seu povoamento viria mais tarde, num atraso que foi até bom para o desenvolvimento da parte do território já então povoada. A imigração europeia a partir da segunda metade do século XIX beneficiou muito a mão-de-obra, que até então contava praticamente somente com a escrava, totalmente desmotivada, por motivos óbvios: não se espere um bom trabalho de quem trabalha sem ganhar sem ter direito algum.

A partir de então, veio o que a lógica já fazia adivinhar: investimentos, fábricas, mais ferrovias, mais estradas de rodagem... tudo se concentrando na capital de São Paulo, graças às facilidades com que ela passou a contar. Indústria na Capital e agricultura no interior. Melhores salários na Capital, piores no interior. Superpovoamento na Capital e êxodo rural no interior.

Há muitas coisas mais a serem contadas. Livros e mais livros foram e ainda poderão e deverão ser escritos sobre São Paulo. O desenvolvimento e o sentimento por São Paulo, cidade e estado, existe por causa de tudo isso e muito mais. Seria bom, no entanto, que ambas as entidades, através de seu povo, ricos e pobres, patrões e empregados, parassem neste feriado municipal em que a cidade de São Paulo completa 457 anos de idade (e 451 de município) para pensar que é preciso mudar a mentalidade para que daqui a poucos anos a cidade não se torne inabitável pelo fato de crescer tanto.

2 comentários:

  1. É curioso... do ponto de vista racional, é cristalinamente claro que a cidade de São Paulo precisa parar. Haja logística para manter esse monstro funcionando! Contudo, toda vez que penso nisso, inconscientemente me passa um sentimento de desagrado, de perda. É como se o orgulho de ex-paulistano exigisse essa expansão, esse progresso permanente. "Nós capotamos, mas não brecamos!". Ninguém mora trinta anos impunemente em São Paulo...

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  2. Sem dúvida, São Paulo é a melhor do Brasil!Parabéns São Paulo de sonho de muitos....

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