quarta-feira, 9 de maio de 2012

COMPANHIA PAULISTA, 1950: ASSIM SE CUIDAVA UMA FERROVIA SÉRIA

O texto abaixo foi publicado na Revista NOSSA ESTRADA, da Editora Abril S.A., edição de maio a agosto de 1975: FEPASA – Ferrovia Paulista S/A, Edição Especial nº 439/442
Coluna: “Um fato em foco” - Pg 151. Foi-me enviado, já transcrito e com as fotografias, pelo Douglas Hidalgo, de Osvaldo Cruz, SP, nesta manhã.

QUANTO VALE UM BOM SERVIÇO DE RONDA

A Viagem do noturno NJ09 poderia ter tido um trágico fim, não fosse o sinal de perigo feito pela luz vermelha da lanterna do “ronda”. À sua frente estava a linha desmoronada pelo temporal.

(Engenheiro Renato Costallat)

Março de 1950. Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Intensas chuvas ainda assolavam a Alta Paulista, apesar desse mês avançado para as águas.

Naquele dia, o trem noturno NJ9, com inúmeros passageiros, já tinha deixado a estação de Esmeralda, com destino a Fernão Dias, quando abruptamente foi detido pelo “ronda” à força de luz vermelha: sinal de perigo.

A um quilômetro daquela estação estava a linha com 50 metros no ar suspensa a 8 metro de altura: o bueiro entupira, a água subira rapidamente no aterro até ao nível dos trilhos, e tudo, de repente, num passe de mágica, desaparecera debaixo dos dormentes.

Todos os materiais da obra, o lastro, a própria terra, há pouco existentes, se espraiam na planície em frente, ao raiar do dia tranqüilo, como se nada tivesse acontecido, não fora o colar de dormentes pendurados.

Mas, ao trabalhador humilde e atento, o “ronda”, tal situação não lhe escapara, ao percorrer o trecho a pé, em plena tormenta, cumprindo essa alta responsabilidade de rotina de segurança, que a estrada lhe confiara.

É o que vemos nas fotografias ao lado, gentilmente emprestadas pelo Engº Gastão da Rocha Leão, então Superintendente da 4ª. Divisão da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Os passageiros, inocentes, estiveram, sem dúvida, em sério risco de vida; sem o saberem, inconscientemente, se tornaram credores daquele modesto funcionário da via permanente, cujo nome o tempo ingrato esqueceu... mas o registro do fato ao menos sobreviveu para orientação e precaução daqueles que se iniciam na linha de frente da dura vida ferroviária...

Eis quanto vale um bom serviço de “ronda” !

3 comentários:

  1. Isso faz lembrar uma cena do filme "Chico Fumaça", de 1958 e estrelado por Mazzaroppi. No começo do filme, Chico (Mazzaroppi) perde a sua casinha de sapé durante uma tempestade e passa a caminhar sem rumo pela ferrovia da região; ao ver um trecho destruído pelas chuvas, ele começa a correr pelos trilhos, acenando com as mãos para que o trem parasse. Nisso, um trem transportando uma comitiva política trafega pela linha e o maquinista avista Chico acenando em sua direção; ele para o trem e vai com o caipira até o local do buraco formado pelas águas. A partir daí, Chico passa a ser considerado "herói nacional" por ter salvo os políticos (nome do partido: "Partido Oportunista"...) do Rio de Janeiro que estavam no trem que corria rumo à tragédia.

    É um ótimo filme, Ralph. Recomendo.

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  2. Olá, Ralph,

    Há uma notícia de hoje mesmo sobre um possível contorno ferroviário em Sorocaba, está na Revista Ferroviária

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    Sorocaba poderá ter contorno ferroviário

    10/05/2012 - VIVAcidade

    O prefeito Vitor Lippi e o deputado estadual Carlos César estiveram hoje na sede da superintendência regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) com representantes da América Latina Logística (ALL) e do Dnit.

    De acordo com a assessoria do deputado, será solicitada ao Ministério dos Transportes a construção de um contorno ferroviário para Sorocaba.

    Para o parlamentar, a malha ferroviária que no passado trouxe desenvolvimento para a cidade, hoje atravanca o crescimento, pois os ferrodutos e as passagens em nível que cortam a área central da cidade, impedem, por exemplo, a construção da marginal direita da Av. Dom Aguirre, o que melhoraria significativamente o trânsito e daria mais segurança a pedestres e motoristas.

    Segundo o deputado, o contorno seria uma solução para essa demanda, além de facilitar o escoamento de produtos das empresas, pois com a chegada da Toyota e a criação do novo Parque Tecnológico, a ideia é descentralizar e passar o anel ferroviário pela Zona Industrial do município.

    Carlos Cezar lembrou que o Programa de Segurança Ferroviária (Prosefer) do Governo Federal analisou todas as linhas férreas do país, inclusive a de Sorocaba e acredita ser um projeto viável para a cidade.

    Segundo o superintendente do Dnit, o contorno ferroviário já é uma realidade em dez municípios do Estado. Araraquara, por exemplo, está com a obra em fase final.
    Já Sorocaba, pela sua importância, tamanho e riqueza que produz para o país, reúne todas as condições para a captação de um projeto desta envergadura que beneficiará a população de Sorocaba e região.

    O prefeito Vitor LippiLippi deverá expor um relatório ao Dnit para mostrar a necessidade dessa importante obra.

    O representante da ALL se dispôs a empenhar os esforços para o início imediato dos estudos de viabilidade técnico e econômico (EVTE) e colaborar efetivamente para a conclusão do projeto.

    Nas próximas semanas, o deputado agendará uma visita em Sorocaba com representantes da ALL e Dnit, além de representantes políticos para conhecer de perto os problemas da malha ferroviária de Sorocaba e região.

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    http://www.revistaferroviaria.com.br/index.asp?InCdEditoria=1&InCdMateria=15624

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    1. "impedem, por exemplo, a construção da marginal direita da Av. Dom Aguirre," Esqueceram que ao lado da ferrovia tem um Prédio histórico tombado em 1996 e localizado à margem do Rio Sorocaba, a Usina Cultural
      Usina Cultural "Ettore Marangoni" é um espaço cultural alternativo para apresentações de peças teatrais, cinema e dança. O espaço possui arquitetura que expressa requinte e beleza, sendo uma das mais significativas que surgiram em Sorocaba entre o final do século XIX e início do XX.
      Este prédio fica bem no meio do traçado que seria da marginal. Tiram a linha, fica o prédio e não dá para passar a avenida.

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