quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O "EXPRESSO DA VITÓRIA" DE JANIO QUADROS

O Expresso, em local ignorado, antes de partir

Em fevereiro de 1960, o então deputado e matogrossense Janio Quadros já havia assumido sua candidatura a presidente do Brasil, depois de ter sido vereador (em São Paulo), prefeito (da Capital) e governador paulista e para isso pergorria descaradamente o Estado paulista usando os trens, em boa parte dessas viagens.

Na data citada, ele percorreu as cidades ao longo da Sorocabana, então uma companhia estadual. O governador do Estado era Adhemar de Barros, que também era candidato à presidência da República.
Mapa do percurso

Supõe-se que Janio alugava um trem da Sorocabana, com os carros aqui mostrados. Não creio que Adhemar, que nunca se deu bem com Janio, tenha cedido gratuitamente esses carros e a locomotiva para o que seria, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a terceira versão do Expresso da Vitoria. Apesar de ter lido edição por edição da Folha desde os anos 1930, não vi nenhum outro "expresso" ser anunciado antes disso. Onde teria sido? Paulista? Zona Araraquarense: Noroeste? Mogiana?

Havia nessa época algo que proibisse, na lei eleitoral, de se usar gratuitamente os trens estaduais? A única ferrovia ainda privada era a Paulista. Teoricamente, se ela aopiasse Janio, poderia cobrar ou não o uso de um trem especial seu. Já as outras, todas estatais, teriam cedido os trens? Isto era legal na época? Adhemar aceitou ceder gratuitamente ou por pagamento os trens das ferrovias estaduais?
Três dias de viagem por trem

Por fim: isto era ético na época? Ou ninguém ligava para isto? Hoje não seria considerado ético e certamente seria proibido. Como não temos mais ferrovias de passageiros, no entanto, não é possível se fazer mais isto hoje em dia.
O Expresso chega a Sorocaba.

E, ainda sobre a ética: embora ela em teoria exista, na prática, político algum se preocupa com ela hoje em dia, se é que algum dia se preocupou anteriormente.

Enfim, discussões à parte, é interessante ver algumas das (péssimas) fotos do acervo da Folha de S. Paulo da época nesta postagem.
Composição do Expresso.

Como sabemos, Janio ganhou as eleições, renunciou seis meses depois su´pstamente num golpe de Estado frustrado e jogou o país nas mãos de um político sem nenhuma experiência para exercer a presidência: Jango - que acabou deposto por um golpe militar apoiado pela classe média, a única que sempre pensou neste país.

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