segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

BREVE HISTÓRIA DA BRIGADEIRO E DA AVENIDA SANTO AMARO

Anúncio de 1948

Quem mora em São Paulo sabe onde fica a "Brigadeiro". Ou seja, a avenida Brigadeiro Luiz Antonio, uma das avenidas radiais mais compridas da cidade. Seu nome original: Estrada de Santo Amaro.

Originalmente, ela começava, como todas as estradas principais de São Paulo que levavam a outras cidades, no largo do Piques. Parece (não fui confirmar) que a estrada é do início dos anos 1800. Sendo ou não, o fato é que, até o final desse século, a Estrada de Santo Amaro seguia por onde hoje é a rua de Santo Amaro, a partir do atual largo Perola Byington seguia pelo curso da Brigadeiro Luiz Antonio até o Itaim, onde começa hoje a acenida Santo Amaro. E então, seguia até onde hoje está o Borba Gato, entrava pela atual avenida Adolfo Pinheiro e terminava no centro do município de Santo Amaro, no largo 13 de Maio.

Porém, com o tempo e a mania de se alterar nomes de ruas, esse itinerário se alterou. Parte da atual rua de Santo Amaro, o seu início, foi incorporada nos anos 1940, quando se demoliram inúmeras casas e arrasaram algumas ruas e vielas no largo do Piques, para formar a atual Praça da Bandeira. O nome "rua" em vez de "estrada" naquele trecho parece ter sido modificado porque no início do século XX construiu-se uma ligação direta da atual Praça Perola Byington à rua Riachuelo, ao lado da Faculdade de Direito. A esse trecho - que não existia - deram o nome de Brigadeiro Luiz Antonio (ilustre membro da também ilustre família Souza Queiroz).

Em mapa de 1901, a rua Santo Amaro estendia-se até a Paulista. Depois era estrada. Em 1913, já haviam estendido o nome de Brigadeiro até o cruzamento com a avenida Paulista. Dali para a frente, o nome de "estrada" continuava mantido. Em 1916, o nome Brigadeiro seguia já pelo menos até a Estrada da Boiada - atual rua Groenlândia.

Em Santo Amaro, município que existiu até 1935, quando foi incorporado pelo de São Paulo, a estrada tinha o nome de Adolfo Pinheiro, do largo 13 de Maio até o córrego da Traição (hoje avenida dos Bandeirantes), que dividia as cidades. A avenida João Dias não começava, como hoje, na confluência da rua da Fonte e da rua Nove de Julho: começava onde hoje está o Borba Gato.
Folha da Manhã, 24/7/1952

O nome Estrada de Santo Amaro, do Itaim até a Traição, continuou por muito tempo. A ponte que cruzava o córrego na divisa municipal, e mesmo depois, com a incorporação dos municípios, era um pontilhão mais estreito que a pista, ainda única e sem asfalto. Pelo menos era o que se deduzia de mapas dos anos 1940. Com a abertura da Auto-Estrada de Santo Amaro, em 1932, muitos passaram a se referir à estrada como "Estrada Velha de Santo Amaro".

Em 1949, começaram a pavimentar a estrada. Em 1952, alargaram a estrada e colocaram duas pistas. Somente, no entanto, lá por 1954 começaram a chamá-la de avenida. Mas os anúncios e mapas misturavam muito as denominações. Havia uma propaganda de terrenos na Vila Nova Conceição que anunciavam "dar frente para a avenida Brigadeiro Luiz Antonio". Isto era por conta deles, a denominação jamais passou do largo no Itaim, onde a velha estrada cruzava o córrego do Sapateiro.

Até pelo menos o final dos anos 1950, os nomes "estrada" e "avenida" se confundiam nos mapas e reclames de imóveis.

Em meados dos anos 1960, o nome Adolfo Pinheiro foi mantido do largo até a estátua do Borba Gato. A avenida Santo Amaro passou a seguir até além da estátua e chegou, finalmente, na confluência já citada (rua da Fonte x Nove de Julho) onde hoje começa a João Dias. Esta, lógico, encurtou, assim como a Adolfo Pinheiro.

Para terminar, havia outras duas formas de se chegar a Santo Amaro por estradas: a mais velha era o Caminho do Carro para Santo Amaro, na verdade as atuais ruas Vergueiro-Domingos de Moraes-Senador Casemiro da Rocha-Guainumbis e daçi para a frente por caminhos tortuosos já dentro do antigo município de Santo Amaro até o centro deste. A outra, já citada acima, era mais nova: aberta em 1932, a chamada Auto-Estrada de Santo Amaro, hoje avenida Washington Luiz, ligou a Vila Mariana ao bairro do Socorro, de onde se subia a alameda Santo Amaro para se chegar ao largo Treze.

Histórias de uma São Paulo que muda muito. E, infelizmente, mais do que deveria.

E que Deus salve o Brasil.

Um comentário:

  1. A Endochimica citada no anúncio ficava no prédio onde há muito tempo já funciona a FMU, na esquina da Afonso Bráz. De fato, do outro lado da Santo Amaro tem mesmo um posto de gasolina que até alguns anos atrás era Atlantic.

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