sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

LEMBRANÇAS DA AVENIDA JABAQUARA

Avenida Jabaquara, esquina com Miguel Estefano, hoje (Google Maps). Reparem que as construções são baixas e todas geminadas
Em São Paulo, a avenida Jabaquara já foi o leito do Tramway de Santo Amaro. É possível que a rua, continuação da rua Domingos de Moraes, tenha sido criada em 1886 para servir de leito para o trenzinho. Digo isto por que o Caminho do Carro para Santo Amaro, a estrada mais antiga que unia os então dois municípios, era a rua Domingos de Moraes de hoje, porém, a partir da rua Luiz Goes, onde o nome é mudado, sai também para a direita uma rua que hoje se chama Senador Casemiro da Rocha, e os historiadores afirmam que o Caminho do Carro descia por ali para cruzar o córrego Uberaba e seguir para Santo Amaro.

Porém, como a avenida Jabaquara é tpo de espigão, poderia realmente já haver um caminho mais antigo por ali rpoveitado leo tramway - que, em 1914, virou bonde elétrico. O bonde, que seguia somente até São Judas (o tramway seguia adiante, mas foi cortado pela Light, que fez a nova linha para Santo Amaro não mais por São Judas, onde ficava a estação do Encontro, mas pela avenida Ibirapuera, numa das maiores retas urbanas de São Paulo) e voltava, tinha no início linha singela. Mis tarde virou linha dupla. Sei disso porque me lembro disso, embora (que azar), nunca tenha andado de bonde nessa avenida.
Neste mapa do Google pode-se ver as avenidas Pedro Bueno, Lino de Moraes Leme e avenida Santa Catarina, que antes eram a parte finral da avenida Jabaquara. Comparem com o mapa de 1960 no pé desta postagem.

Assim como na avenida Ibirapuera e no trecho final da Domingos de Moraes, as linhas não andavam na rua, mas no canteiro central da avenida, cujas pistas para automóveis eram muito mais estreitas do que são hoje.

Com a construção do metrô (linha 1) a partir de 1969, com o método de trincheiras e não pelo "tatuzão", um enorme buraco foi aberto pela avenida inteira. Os carros trafegavam por ruas paralelas - quando havia, como a rua Mauro - e somente pedestres podiam andar pela avenida. O comércio, claro, não gostou nada disso. No fim das obras, que durou uns 3 a 4 anos, as pistas foram entregues bem mais largas, o canteiro central estreito e... nada de bondes, claro, extintos ali em 1966.
Aqui, o trecho inicial da atual avenida Pedro Bueno, junto ao aeroporto de Congonhas, que se chamou Jabaquara até meados dos anos 1960 (Google Maps).

Eu adorava passar por ali de carro com meus pais. Isso acontecia geralmente quando íamos para Santos. Saíamos por Diadema. pegando, no fim da avenida em São Judas, a avenida Conceição, que hoje se chama Engenheiro Arruda Pereira, até chegar a Diadema, onde cruzávamos a então pequena cidade e chegávamos à Anchieta.
Trecho da avenida (de norte a sul e com a "gota A") que ainda tem o nome de avenida Jabaquara.

Tudo isso me veio à cabeça ontem, quando fui a negócios nessa avenida, e de metrô. Desci na estação Saúde e, na volta, acabei embarcando na estação Praça da Árvore.

Enquanto andava pelas calçadas da avenida, fui prestando atenção nas edificações naquele trecho. Com pouquíssimas exceções, as edificações, de 1 a 3 andares, são praticamente todas comerciais, claramente construídas a partir dos anos 1940 e, pior, todas geminadas. Lembrei-me então das memórias de minha mãe, que conta que, nos anos 1930, tinha uma amiga de escola que morava lá em São Judas. Ela pegava o bonde na Domingos de Moraes, junto à Lins de Vasconcelos, e seguia praticamente todo o percurso pelo canteiro central. Na avenida Jabaquara - que por um tempo se chamou Presidente Vargas, um sacrilégio para os paulistas, tanto que o nome foi revertido - ela conta que não havia praticamente nada. A linha de bonde no canteiro central, como falei e pistas sem pavimentação para os poucos automóveis, e, onde hoje estão as edificações, longos trechos de campos, com pouquíssimas construções.
Seria mesmo assim a avenida Jabaquara nos anos 1930/40?

Fiz o tosco desenho acima, misturando as lembranças de minha mãe e as minhas. Eu conheci os bondes como linha dupla e já a avenida asfaltada (ou, mas provavelmente, pavimentada com paralelepípedos) e com construções, As pequenas cercas para isolar a calçada dos campos já não existiam, exceto, possivelmente, em pequenos trechos.

O que pouca gente sabe é que a avenida não terninava onde termina hoje, ou seja, no viaduto que a une com a avenida Engenheiro Arruda Pereira e que passa sobre a aveinda dos Bandeirantes. Ela prosseguia, mais estreita e sem bondes, pela hoje chamada avenida Pedro Bueno, depois pela Lino de Moraes Leme e ainda pela avenida Santa Catarina. Com o nome de avenida Jabaquara.
No desenho da reportagem publicada pela Folha de S. Paulo em 1960, repare a avenida Jabaquara, que faz ali uma curva de 90 graus. Compare com o mapa do Google, mais acima.

Interessante é ver o trecho dela nos mapas do Google que aqui coloco, e também ver o caso de um bairro que, em 1960, com o nome de Vila Paulista, estava sendo requisitado por pessoas que se diziam donas das terras. O mapa foi reproduzido aqui também. Vejam a avenida Jabaquara nele. Onde é isso hoje? Extamente onde a Lino de Moraes Leme se encontra com a avenida Santa Catarina.

E, como sempre, que Deus salve o Brasil.

Um comentário:

  1. Por coincidência passei ontem pela av. Jabaquara. Não seria minha opção nº 1 para ir ao final da av. Indianópolis, mas temendo o trânsito na 23 de Maio, optei pela Jabaquara. Ao passar em frente à igreja São Judas, disse a minha mulher que tínhamos ido até ali pelo espigão... Quando saímos da pizzaria, umas 11h, revi a imagem da adolescência, as prostitutas exibidas na av. Indianópolis. Coisas que não mudam na cidade... Fiquei imaginando como era morar nessa avenida há uns 40 anos, com suas casas amplas e confortáveis. Acredito que absolutamente todas hoje sejam comerciais, ou será que alguma família ainda mora naquele corredor? Valeu!

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