quarta-feira, 16 de julho de 2014

A RODOVIA FERNÃO DIAS, SEMPRE UM PROBLEMA

Folha de S. Paulo, 23/4 1965
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A rodovia Fernão Dias, com o percurso que tem hoje, foi inaugurada em 1964. Ela existia, de certa forma, desde o início dos anos 1930, mas com trajetos diferentes em diversos pontos, principalmente em São Paulo e próximo a Belo Horizonte.

O trecho paulista atual (depois duplicado) foi terminado em grande parte ainda nos anos 1950, porém, uma variante que devia ser construída em Bragança Paulista demorou anos para ser feita, correspondendo a um trecho curto. O motivo dessa demora foi realmente burocrático e contido devido a jogos de interesses diversos e obrigava que todo o tráfego para Belo Horizonte passasse por dentro da cidade de Bragança.

Em 1965, porém, para se tomar a rodovia em São Paulo tinha de se seguir pelo Jaçanã e entrar na rodovia que começava não na Dutra, mas na Vila Galvão. Era uma região de tráfego já intenso e com ruas estreitas já naquela época e que dificultava bastante o acesso, principalmente de veículos grandes, como ônibus e caminhões.

Em abril de 1965, discutia-se ainda a ligação entre a via Dutra e o então início da rodovia na Vila Galvão, um bairro na divisa dos municípios da Capital e de Guarulhos.

O mapa acima, publicado no jornal Folha de S. Paulo de 1965, mostra a ligação. Embora um trevo devessee ser construído na Dutra, no entroncamento das duas rodovias, ele não era mostrado no mapa. Também deveria ser construído uma rotatória na confluência da Vila Galvão. A ligação, com quatro quilômetros, já seria feita duplicada. A esta altura, no entanto, as obras estavam atrasadas, como sói acontecer aqui na terrinha, principalmente em obras federais - a Fernão Dias é uma das pouquíssimas estradas federais no Estado de São Paulo.

O atraso se devia ao fato de que a ligação seria construída originalmente em pista única, como o resto da estrada. No meio da obra decidiu-se mudar para pista dupla. Houve de se fazer novos aterros. Além disso, a ligação teria de passar sobre o vale do rio Cabuçu, que é pantanoso, exigindo aterros mais complicados que ninguém havia previsto.

Como se vê, as obras federais eram como as de hoje: começavam e demoravam um tempo enorme, sempre muito maior que o previsto, para ficarem prontas. A diferença é que as de hoje nunca acabam. As daquele tempo demoravam, mas ficavam prontas.

Vale também a ressalva de que, até hoje, a Fern"ao dias, apesar de ter sido duplicada muito lentamente, continua sendo uma estrada perigosa e com problemas, mesmo com a concessão dada a terceiros no final do século XX.

Um comentário:

  1. Até há poucos anos, quando a Fernão Dias ainda não era duplicada, havia um acesso em nível (perigosíssimo, por sinal) da Av. Coronel Sezefredo Fagundes (que era a antiga estrada São Paulo-Bragança), podendo entrar na rodovia em ambos os sentidos. Essa avenida se tornou hoje parte da SP-8 (rodovia Arão Sahm), que fazia a antiga ligação até Bragança. Alguns trechos foram engolidos pela Fernão Dias, outros passam por ruas das cidades de Mairiporã e Atibaia.

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