terça-feira, 1 de dezembro de 2015

TREM DE BAURU-CORUMBÁ: PÉ NA COVA EM 1991

Plataformas da gare de Bauru em 1980: ainda muitos passageiros aguardam o trem para Corumbá (Foto Luiz Antonio Gasparini).

Em 1991, diversos trens de passageiros foram cancelados no Brasil. Tal fato se deu em janeiro, época da guerra contra o Iraque pela anexação do Kuwait. O preço do petróleo havia subido às alturas durante a conflagração e a RFFSA aproveitaram para afirmar que gastava-se muito óleo diesel nestes trens (nos ônibus não???) e cancelaram diversas linhas. Aliás, nem tão doversas assim, porque existiam na época muito poucas delas.

Como dois exemplos, foram cancelados os trens São Paulo-Rio (o Santa Cruz) e também o Curitiba-Rio Branco do Sul, único trem de subúrbio que Curitiba teve em pouco mais de cem anos de operação.

Os trens da Noroeste sobreviveram: Bauru-Corumbá e Campo Grande-Ponta Porã. Porém, em novembro, dos três trens semanais que ainda existiam entre Bauru e Corumbá, um foi cancelado. Sobraram os de terça-feira e de sexta-feira (com retornos às quartas e sábados). Tal fazia parte de uma "redução de despesas" da RFFSA, para reduzir o número total de viagens de trens de passageiros em geral em 50 por cento.

Até o ano anterior (1990) e desde o início das operações desse trem, as partidas de Bauru eram diárias. Aliás, o passageiro podia embarcar na Luz, em São Paulo, pela Sorocabana ou pela Companhia Paulista (a partir de 1971, ambas passaram a ser FEPASA) até Bauru, onde baldeavam para os trens da antiga Noroeste do Brasil. Dali seguiam para Corumbá ou para Ponta Porã - na primeira, poderiam tomar os trens para a Bolívia e, na segunda, para o Paraguai.

Nos últimos anos, os serviços pioraram e os passageiros, que compravam os bilhetes para Corumbá na Luz passaram a amargar constantes atrasos dos trens da FEPASA e, como os trens da Noroeste (RFFSA) não esperavam, eram obrigados a se virarem para se hospedarem em hotéis até o dia seguinte ou dormirem em bancos na própria estação de Bauru. Com isso, os passageiros começaram a rarear, sobrando somente os aventureiros e os de menor poder aquisitivo.

Os 1.613 quilômetros de linha passaram a ser feitos em ônibus, carros e aviões pelos que podiam pagar pelos preços mais altos. Era claro que a RFFSA e a FEPASA pouco se importavam com os trens de passageiros - tanto que os da Noroeste (RFFSA) cessaram suas atividades nos anos seguintes.

Em resumo, a mudança de 1991 foi o conhecido "pé-na-cova".

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